O mestre japonês de terapia manual, Shizuto Masunaga, escreveu certa vez que o real poder de cura, somente se desenvolve quando estamos livres do ego. Esta é uma das mensagens que utilizo no início de cada curso. A uso para lembrar ao aluno que quando atendemos alguém, devemos ter foco em um único objetivo, servir. Se estivermos com a mente ocupada em querer mostrar algo ao paciente, em querer provar o quão bom “somos ou podemos” ser; estaremos caindo numa armadilha do ego e fracassando na fluidez e conexão da nossa massagem. A thai massagem vem de um país muito conhecido por sua espiritualidade e fé budista, a Tailândia. No budismo, o dia-a-dia serve para colocarmos em prática os ensinamentos do Buda; isso inclui qualquer ação, como o trabalho ao qual nos dedicamos. Em nosso trabalho podemos praticar algo muito importante no budismo, que é a atenção plena. Quando praticamos a atenção plena na massagem, servimos ao outro com bondade, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro mentes do Buda. As quatro mentes nos afastam das armadilhas do ego, nos tornam seres mais compreensivos, seremos e humildes. A humildade é uma virtude valorizada não somente no budismo, mas nos várias caminhos espirituais da humanidade. Ela é um grande remédio para diminuir o ego e evitar suas manifestações nocivas como ciúmes, inveja, insegurança, possessividade, raiva, ganância e ignorância; e nos aproxima da conexão espiritual que os orientais tanto difundem na filosofia de suas terapias. Imersos na atenção plena e conscientes da importância do servir humildemente para a evolução espiritual, a terapia manual oriental, seja ela thai massagem, reflexologia, shiatsu ou outra, auxilia o terapeuta a buscar ser melhor para o outro, afastando-o da armadilha do ego de buscar ser melhor que o outro.
Entre as normas éticas da thai massagem ensinadas por duas das escolas em que estudei, um delas é a de controlar o orgulho sobre seus conhecimentos. Isso me faz lembrar do meu antigo professor de ioga, que com mais de 50 anos de prática me dizia: "ainda sou um aprendiz e não o mestre".
Quando o terapeuta se coloca na posição de que ele sabe tudo e é "o melhor", sufoca sua humildade em aprender; o ego o engana fazendo o mesmo acreditar que cura os demais com suas técnicas e não interpreta a tradução da última frase do mantra de Shivago, pai da medicina tailandesa; "Que a energia vital possa fluir pelo corpo daqui que tocamos e assim promover cura."(NA A - NA WA - ROKA - PAYATI - VINASANTI)